domingo, 29 de maio de 2011

Poesia

"Eu perdi minha mãe muito cedo. E hoje, que sou mãe de uma filha, percebo que ela me chama do mesmo jeito que eu chamava a minha mãe.
Ouço ela me chamando e lembro de como eu era quando falava com a minha mãe.
É um chamado comprido, assim, 'mãaaaaaaaeeee'... como se estivesse contando uma história."

(28.05.2010)

sexta-feira, 6 de maio de 2011

Gaiola

Te dão as barras,
o aço,
a fechadura
e você constrói a gaiola.
Vive ali por anos a fio
até que um dia,
por desencargo ou lembrança,
te oferecem a chave.
Você a observa,
examina,
quer tocá-la
mas não sabe mais como usá-la.
Sabe que não é mais possível usá-la.
Devolve-a com o olhar
dispensando a chance do voo.
Mas ainda assim
passa seus dias e noites
garantindo a si mesma
que ainda vive e ama
a lembrança do espaço aberto.

(06.05.2011)