quarta-feira, 2 de maio de 2007
Senhora
Boca da noite. As luzes da Avenida Paulista à toda. Só não ganham dos carros apressados que tomam a rua de assalto ao menor sinal luminoso. Olho em volta a claridade dos faróis, das lâmpadas. Poderia ser qualquer hora do dia, ali. Meio-dia, duas da tarde, nove da manhã. O movimento seria igual, a cara apressada das pessoas, tudo igual. A não ser por um detalhe: enquanto ando, noto uma silhueta escandalosa no céu, por entre os prédios. Continuo, passo após passo, e ela vai se descortinando. Mais cem metros, e está solta na escuridão, entre um edifício e outro. Com um baita quintal, já se diria no interior. Lua com quintal é sinal de chuva no dia seguinte. Por um minuto, sou transportada para um momento particular, ancestral, de quando só havia ela, espreitando no vazio da noite. Ela continua ali, criando seu cenário, participando e dizendo a todos que é mais forte do que as luzes da cidade. Com seu quintal, providencia lugar próprio. É só olhar e perceber.
A Lua Azul (sabem o que é a Lua Azul?) ;) será só no mês que vem. Mesmo assim, coloco aqui uma homenagem à senhora que me olhou de seu sítio esta noite, enorme e bela. Porque as coisas sempre podem ser maiores e mais elevadas do que pensamos. Boa surpresa em meio a meus pensamentos tão fim-de-(quarta)feira.
A Lua (dizem os Ingleses)
É feita de queijo verde.
Por mais que pense mil vezes
Sempre uma idéia se perde.
E era essa, era, era essa,
Que haveria de salvar
Minha alma da dor da pressa
De... não sei se é desejar.
Sim, todos os meus desejos
São de estar sentir pensando...
A Lua (dizem os Ingleses)
É azul de quando em quando.
(Fernando Pessoa)
(02.05.2007)
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