Desejo de sexta à tarde: um momento aberto, profundo e belo como um céu azul.
Com brisa, por favor.
(30.11.2007)
sexta-feira, 30 de novembro de 2007
quinta-feira, 29 de novembro de 2007
O moço de farda
O moço de farda pega ônibus às 9h da manhã. Não se sabe para onde vai àquele horário, junto com outros moços de farda. Que me conste, é horário para homens de farda estarem em serviço, não andando pela cidade, desarmados, em "ônibus civis". Mas o moço de farda, acompanhado de outros dois moços, está descendo a Brigadeiro num ônibus mais ou menos cheio, atravancando um pouco a passagem de quem entra, formando com seus colegas uma aglomeração verde-oliva antes do cobrador. Ele tem olhar discreto e tranquilo, diferente do que se pensa dos moços de farda em geral. E, mesmo com o rosto impassível e olhar distante, chama a atenção das moças, de cima de sua altura morena.
O moço de farda vira as costas para o rapaz que distribui canetas contando aos passageiros - que olham pelas janelas - a história longa de como conseguiu se livrar das drogas e de como a participação de todos ajudará outros a se livrarem também, graças a Deus. De repente, silencioso, o moço de farda aborda o rapaz e estende a ele uma moeda de um real, sob os olhares e a concordância de seus colegas.
Os moços de farda, inclusive aquele de olhar tranquilo, descem no final da avenida e vão para algum lugar da cidade. O que farão? Pegarão em armas? Engrossarão exércitos? Carregarão cestas básicas? Subirão o morro?
E o que acontecerá, naqueles tempos, com o olhar manso no rosto cercado de verde-oliva?
(29.11.2007)
O moço de farda vira as costas para o rapaz que distribui canetas contando aos passageiros - que olham pelas janelas - a história longa de como conseguiu se livrar das drogas e de como a participação de todos ajudará outros a se livrarem também, graças a Deus. De repente, silencioso, o moço de farda aborda o rapaz e estende a ele uma moeda de um real, sob os olhares e a concordância de seus colegas.
Os moços de farda, inclusive aquele de olhar tranquilo, descem no final da avenida e vão para algum lugar da cidade. O que farão? Pegarão em armas? Engrossarão exércitos? Carregarão cestas básicas? Subirão o morro?
E o que acontecerá, naqueles tempos, com o olhar manso no rosto cercado de verde-oliva?
(29.11.2007)
terça-feira, 27 de novembro de 2007
Ovelha negra
Sou ovelha negra dessa bolha em que vivo por vontade própria.
Ovelha negra das pessoas que passam por mim apressadas, em busca do ônibus que pára no ponto.
Estou ovelha negra na cidade, no Natal e no mês que demora a passar.
Sou ovelha negra das idéias da família, da compaixão, da dor da saudade e da pena.
Sou ovelha das notícias do jornal, do desencanto e da esperança teimosa.
Chego em casa no final do dia e vejo um céu limpo lá fora, longe do mundo ovelhal.
Negras são as percepções, escuras como uma noite limpa.
As lembranças, até elas, voltam somente para mostrar meu próprio potencial ovelhístico.
Imperceptível, estou ovelha negra de mim mesma.
Estranha e inserida. Estou em gestação.
(27.11.2007)
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