Sou ovelha negra dessa bolha em que vivo por vontade própria.
Ovelha negra das pessoas que passam por mim apressadas, em busca do ônibus que pára no ponto.
Estou ovelha negra na cidade, no Natal e no mês que demora a passar.
Sou ovelha negra das idéias da família, da compaixão, da dor da saudade e da pena.
Sou ovelha das notícias do jornal, do desencanto e da esperança teimosa.
Chego em casa no final do dia e vejo um céu limpo lá fora, longe do mundo ovelhal.
Negras são as percepções, escuras como uma noite limpa.
As lembranças, até elas, voltam somente para mostrar meu próprio potencial ovelhístico.
Imperceptível, estou ovelha negra de mim mesma.
Estranha e inserida. Estou em gestação.
(27.11.2007)
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