Depois dos tempos de adolescência, dei pra pegar birra desse mês, sem
saber direito por quê. Sentia-me mal, numa espécie de limbo. O meio do
ano já pelas costas, com suas festas, feriados, expectativas. O final do
ano ainda por vir, com suas conclusões triunfais, balanços e
concretizações. Chances reduzidas de pôr em prática o que ainda não
tinha decolado. Ainda cedo para festejar qualquer coisa. Angústia de
estar em lugar nenhum.
Foi assim em todos os últimos anos. Tentei
vários recursos – nem férias tiradas no período ajudavam a reduzir a
inquietação. Ano passado, porém, os preparativos da viagem, se não
curaram a paranóia, pelo menos fizeram com que tudo passasse mais
rápido. Na volta, já em finais de outubro, outra sensação me invadiria.
Uma inquietação ainda maior, de não achar lugar no espaço, dessa vez.
Olhava a decoração já montada para o Natal, que se avizinhava, e me
sentia uma estranha. Para mim, depois de tantas reviravoltas na alma, um
novo ciclo apenas começava. Que ares de final de festa eram aqueles?
E
veio um novo ano. Cheio de surpresas, boas que se tornaram não tão pródigas,
ruins que se tornaram um tanto melhores. E setembro me apareceu agora de
um jeito acidentado, se aproximando sem que eu me apercebesse dele.
Entro no mês com nova expectativa: para quem está afastada de tudo – ou
quase tudo – ele vem com ares de volta para casa, uma volta vagarosa e
tenaz.
A alma da gente é estranha: precedendo uma grande alegria,
ano passado, meu setembro foi ainda pesado. O final do ano, sob a
sombra da felicidade distante, quase um estranho em visita. Mas nesse
ano, depois de tantos terríveis repentes, setembro chega com ar mais
amável. E, tenho certeza, meu final de ano virá com jeito bem mais
feliz.
(08.09.2007)
sábado, 8 de setembro de 2007
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