quarta-feira, 28 de março de 2007

Como bumbum de bebê

É assim. Um dia você está lá, despreocupadamente andando entre suas encanações nem sempre producentes e seus pensamentos muitas vezes inúteis. E surge, virando a esquina como um ladrão em fuga, um pedaço das coisas que já eram, que ficaram pra trás. Surge fazendo cócegas nas suas idéias fixas, mostrando que ainda resta aí algum gás pra confundir o ambiente, que tudo isso ainda pode provocar algum sorriso, ainda que torto, no rosto da audiência.

Aquela piada que você já achava sem graça, que dava traço no ibope. Aquela poeira que você varreu pra baixo do tapete há tanto tempo que nem se lembrava mais. Ela voa de novo no seu olho, fazendo você esfregar o rosto e fitar surpresa o espelho, procurando o que causou tamanha confusão. E você resolve pagar pra ver, virar (de novo, ai) o rosto e conferir, afinal, o que tanto ela quer te dizer. Pronto. Lá está você de novo, girando em círculos, ainda que por instantes.

E você sabe que não vai dar em nada, provavelmente 99,97% de chance de que tudo continue na mesma e de que, dentro de alguns dias, a poeira volte pra debaixo da cama e você siga a vida como sempre, de volta às suas novas e evoluídas preocupações. Mesmo assim, você faz um exercício de imaginação e tenta, ainda uma vez, rir da mesma piada. Torcendo, é claro, pra que haja platéia para a manifestação de seu dom palhaço.

Tudo bem. Se não houver palmas, pelo menos você deu uns sorrisos a mais na terra dos devaneios. Porque como todos sabem hoje em dia, sorrir evita as rugas.
E sonhar, isso eu já sabia desde os meus 15 anos... não custa mesmo quase nada. ;)

(28.03.2007)

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